Ambiente Macroeconômico Afetando Decisões de Preços

Artigo elaborado pelo sócio fundador da Quantiz – Frederico Zornig

O cenário macroeconômico Brasileiro sofre uma deterioração nos seus fundamentos,
com redução no ritmo de crescimento esperado da economia pós-covid, aumento do
déficit fiscal, desvalorização cambial acentuada e sinais fortes de aumento da inflação
de forma generalizada, ficando bastante acima da meta atual no acumulado de 12 meses.

Além disso, pesquisas recentes demonstram também que tanto os empresários como os
consumidores reportam uma diminuição na intenção de investir e consumir dadas as
incertezas das necessárias reformas. Para piorar, vivemos em um ambiente de taxas de
desemprego nos seus níveis mais altos em anos e os juros bancários, que apesar de
estarem em níveis reais (taxa menos inflação) baixos historicamente falando, podem ter
que seguir subindo em função das pressões inflacionárias que estão ainda por vir com
dólar alto e necessidade de repasse de preços. Com tudo isso, a economia cresce
lentamente, muito abaixo do que o governo e empresários esperavam.

Com este cenário econômico adverso e perspectivas ainda não claramente definidas à
frente, uma vez que o governo dá sinais de fraqueza e de pouco domínio da situação
alarmante em que vive o país, demora nas aprovações das reformas e sinalizações de
medidas pró investimento ainda são tímidas. Entendo que os empresários e gestores, de
um modo geral, estão em situação desconfortável para definirem seus preços. Muitas
das empresas com quem estamos trabalhando agora estão em uma posição desafiadora e
quase que obrigados a iniciarem uma recuperação dos preços de produtos e serviços
apesar da demanda baixa, mas com impactos de custos importantes. Está nítida uma
necessidade de retomada dos reajustes de preços em função de aumentos dos salários,
repasse do aumento do dólar nos itens importados e demais aumentos dos insumos. Sem
falar em orçamentos para o próximo ano com expectativas de crescimento que não estão
se materializando, causando desconforto nos resultados projetados para o ano que vem.

De fato, nossa economia passa por um momento de indefinição de rumos e
aparentemente vivendo um ambiente de repique inflacionário. Entretanto, como
gestores, não podemos deixar nos enganar com os aumentos de preços que conseguimos
capturar se estes não cobrirem ao menos a inflação do período. Sustento que clientes
têm que ficar muito satisfeitos com os produtos e serviços que compram, mas aceitando
o preço que pagam por eles. Na busca por maiores volumes em um mercado recessivo
ou estagnado, ao reduzir preços (ou não aumentarmos o suficiente) estamos na verdade
deixando mais dinheiro “na mão” do cliente. Aparentemente, com essa ação, deixamos
clientes muito felizes com nosso preço, mas estes que são fiéis apenas pelo preço, serão
os primeiros a deixarem a sua loja ou empresa pelo preço mais baixo do concorrente.
Sem falar que reduzir preço (ou não subir quando temos uma inflação em alta) é a coisa
mais fácil de se fazer quando nos deparamos com cenários adversos. Lembrando que a
busca por participação de mercado através de preços baixos pode não ser rentável
dependendo dos níveis de descontos que precisam ser oferecidos.

Concluindo, o momento, na maioria dos setores, é propicio para rever políticas
comerciais e preços dos produtos. O mercado está desafiador, mas é hora de
retomarmos o crescimento sustentável, com preços melhores, garantindo maior
lucratividade do volume que é possível vender no mercado atual.

Compartilhe

Publicações mais lidas

Este site utiliza cookies

Utilizamos cookies para personalizar conteúdo e anúncios, fornecer funcionalidades de redes sociais e analisar o nosso tráfego.